segunda-feira, 3 de junho de 2013

Minha Taksim-Istiklal

Em abril último passei duas semanas na Turquia, boa parte do tempo em Istambul. Quase todos os dias passava por Taksim. Foi lá que desembarquei do Havatas (espécie de Frescão) vinda do aeroporto e peguei finalmente o táxi para minha amada Arnavutkoy. Era lá que, vinda de funiculaire de Kabatas ("na parte baixa" da cidade), encontrava com amigas para papear no Kitchenette embaixo do The Maramara Hotel, e depois seguia a pé pela Istiklal Caddesi, o lugar que sempre mais amei em Istambul. Mais do que o histórico Sultanahmet, por mais estranho que pareça ser isso para uma historiadora estudiosa de Império Otomano. Sempre gostei de ver a mistura de turcos de todos os tipos e turistas do mundo todo, de preferência tomando um café no The House Café! Aliás, em Taksim pegava o metrô justamente para ir ao shopping Cevahir (lê-se Djevahir), perto duas ou três estações (Sisli)!! A verdade, porém, que a Taksim de 2013 estava bem diferente da de 2010, quando morei na Turquia, em que fazia coisas bem parecidas. A de abril último estava tomada por tapumes, como mostra a foto que fiz, não sei bem porque. Aliás, Istambul como um todo estava tomada por tapumes. Como um dos motivos de minha ida tinha sido justamente participar de um simpósio chamado "Citties: bigger picture", o tema das transformações urbanas previstas (e não propostas!) pelo governo do AKP foi recorrente em todos os jantares, chopps (yep, ainda podia), cafezinhos dos intervalos do meu evento. A terceira ponte sobre o Bósforo, prevista justamente para ser construída perto do campus da universidade que sediava o simpósio e a nova ponte horrorosa metálica sobre o Chifre de Ouro eram as mais execradas, assim como o projeto do tal novo canal ligando o Mar Negro ao Mar de Mármara, o tal Kanal Istanbul. Esse último é tão gigante que o próprio primeiro-ministro chamou de louco: http://www.hurriyetdailynews.com/govt-gives-green-light-to-crazy-canal-istanbul-project.aspx?pageID=238&nid=44823. Nunca ia imaginar que seria justamente o Gezi Park que ia servir de fagulha catalisadora de insatisfações de mais variadas e levaria dezenas de milhares de pessoas às ruas! Agora acompanho atenta e angustiada, sobretudo pelas redes sociais e obscuros canais noruegueses (viva o Google Translator!) o que vai por Taksim e arredores, assim como pela Turquia como um todo. Os perfis que me informavam ontem, porém, como Occupy Turkey, misteriosamente pararam de abrir e muitas fotos não podiam ser compartilhadas: exasperador tudo isso e contraproducente, já que aumenta ainda mais o interesse!

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