sábado, 21 de abril de 2012

Cinema do Oriente Médio







Nessa semana que entra participarei de dois debates sobre filmes recentes do Oriente Médio. Em ambos estarei ao lado de meu amigo Maurício Santoro, com quem venho no último ano trocando livros e DVD´s desta região e justamente ressaltando o quanto a literatura e o cinema feitos por lá, além da qualidade inegável, vem permitindo um olhar direto, sem os tradicionais filtros orientalistas do Ocidente (aliás, sobre esse tema, vale assistir a esse vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=DmVoSZk_fvo&feature=related). Mas não é dos incríveis “Valsa com Bashir” ou “Isto não é um filme” que quero falar aqui. Estes serão apresentados e debatidos dias 26 e 27 de abril, na FGV-Rio e no Cine-Jóia, respectivamente. O filme que me impactou essa semana que passou, e que recomendo vivamente, é “Cairo 678”. A meu ver, tão bom quanto o obrigatório “Edifício Yakoubian” para se ter um vislumbre da complexidade dos problemas que assolavam o Egito pré-Tahrir Square. Diferente do “Edifício”, porém, é realmente baseado em fatos reais. O filme, do diretor Mohamed Diab, trata da história de três mulheres de diferentes classes sociais que sofreram assédio sexual e decidiram fazer algum tipo de justiça com as próprias mãos. Ao contar a história de Seba, Fayza e Nelly, além de obviamente retratar o sofrimento pelo qual as três passaram e de aspectos surreais do Egito de Mubarak, Diab permite um vislumbre da vida cotidiana e da cultura local. Estão lá as mazelas de grandes cidades, com trânsito caótico e transportes deficitários e também as aspirações e frustrações, sobretudo dos jovens, em relação a emprego, família, tradições, etc. Não chega a ser um filme tão visceral como “Incêndios”, por exemplo, mas é daqueles que ficam na cabeça por dias seguidos em função dos “puzzles” que propõe, em especial ao apresentar o ponto de vista dos molestadores. Vale muito a ida ao cinema! E ainda sobre a questão do lugar das mulheres nos países muçulmanos, em especial no contexto da Primavera Árabe, vale ler: http://www.foreignpolicy.com/articles/2012/04/23/why_do_they_hate_us?page=0,0

domingo, 8 de abril de 2012

Rothschild Archive Summer School

Em setembro do ano passado, com barrigão de 5 meses de gravidez e tudo, embarquei para Londres para participar da primeira edição do The Rothschild Archive Summer School. Meu interesse tinha surgido porque o primeiro cônsul otomano no Rio, John Samuel, tinha conexões com os Rothschilds e porque tinha devorado o livro "The house of Rothschilds" do Niall Ferguson. Ao chegar lá percebi que tinham poucas informações sobre a ligação do "meu" cônsul com os turcos e que o livro do Ferguson é cheio de brechas, principalmente quando trata das Américas. O esforço não foi em vão, porém. Eu tive praticamente um curso de atualização de práticas e metodologia de pesquisa e me deparei com um acervo fantástico sobre o Brasil. Para além dos óbvios temas de pesquisa ligados à história econômica e financeira do Brasil, tem lá material o suficiente para melhor compreender as relações que se davam entre a comunidade britânica no Rio de Janeiro, vislumbres sobre a história dos judeus no Brasil, as conexões dos agentes na antiga capital com diversas províncias do Brasil e outras regiões das Américas... enfim, uma mina de ouro para pesquisadores brasileiros, quase que literalmente! É por isso que "linko" aqui a chamada para a próxima turma: http://www.history.ac.uk/events/event/3642 As inscrições se encerram em 16 de abril.